segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Universos paralelos

Tomo emprestado no blog da Cora Rónai esse filmete divertido, singela demonstração do incrível universo que as novas mídias andam explorando.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Glauber Rocha conta José Sarney

Você sabe o que é um profissional da política? Você se condoeu com a carinha triste do presidente do Senado diante da chuva de acusações? Há 43 anos, o recém-eleito governador do Maranhão contratou um jovem cineasta para cobrir a sua posse, mas, por alguma razão, o produto não foi aceito.
Em tempo: a ditadura militar se implantara em 64, e o jovem Sarney, vindo da UDN, amigo de Glauber, se "elegera" governador em 1966. Era o início de um período imperial que parece longe de findar. Assim como a miséria daquele canto infeliz do mundo parece também longe de findar, apesar de tão privilegiado em encantos naturais.
Alguns planos desse documentário foram posteriormente usados no filme "Terra em Transe", obra-prima do baiano que tanta falta nos faz.

domingo, 23 de agosto de 2009

Quando se vê...

'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana

sábado, 15 de agosto de 2009

Tortas palavras. Tortos propósitos?

Que malucos de toda origem e todo tipo andam soltos por aí, disso não há dúvida. Na mídia não seria diferente, é até pior. É maluco falando de tudo, e de todos. Um grupo especial, dentre os malucos, se destaca, pela persistência e bizarria: são os viúvos e viúvas da ditadura militar, período que serviu de cenário cinzento para trecho substantivo da história de minha geração.

No Estado de Minas de hoje, na coluna intitulada Aviação, um tal Antônio Nascimento mostrou seu tino para carpideira daquele passado. Tratando da enrolada concorrência para a compra de novos caças para a FAB, ele lamenta o adiamento da compra ainda no governo de FHC, e a transferência da decisão para o governo Lula. E cravou a preciosidade: "O governo que o sucedeu (governo Lula) julgou oportuno cancelar o primeiro certame, talvez assessorado pelos seguidores da doutrina marxista que o cercam". Esse cavalheiro anda hibernando, ou esteve lendo sua coleção de jornais antigos.

No mesmo exemplar do EM, mas num cantinho do obituário, registra-se a morte de outra maluca que se exerceu na mídia, mas que era do bem, ao menos acreditava e queria ser. Depois de 10 anos fora de combate, aposentada e doente, calou-se de vez a voz da Glória Lopes, ícone do radiojornalismo policial em Minas Gerais. Temida igualmente por bandidos e policiais, ela invadia as ondas com seu tom marcante e vozeirão grave. Fazia-se de justiceira e de guardiã dos frágeis e miseráveis, esfregava na cara dos marginais os desabafos que as vítimas sonhavam fazer. Não raro eu seguia cedinho para o trabalho ouvindo suas histórias. Umas duas vezes mandei meus alunos de comunicação social entrevistá-la, eles voltavam entre intrigados e fascinados com aquela mulher miúda, de cara banal, tão diferente das impressões que produzia em suas emissões radiofônicas. Olho pra trás, vejo que aqueles sons foram se perdendo num passado distante, possivelmente romântico.

Canta e encanta


Você gosta de compartilhar alegrias? Você acredita que as ruas ainda podem ser cenários de manifestações civilizadas? Você já conhece o T Mobile? Dá um gostinho de ressaca boa, embora comportadinha, da festança maravilhosa que foi realizada há exatos 40 aninhos: o Festival de Woodstock.

domingo, 9 de agosto de 2009

Grunhir ou calar?

Construisse eu um Olimpo para meus tantos ídolos, Tostão teria ali um trono. Apesar do pecado grave de ter abandonado meu América mineiro, ainda rapazote, rumo ao Cruzeiro, o cara é exemplar em várias frentes. Médico e professor, disso nada sei dizer, nem a seu favor, nem contra. Penso é no mago da bola, hoje mago nas letras jornalísticas, e a marca onipresente da inteligência, da coragem, da independência e do caráter impecável. Em sua coluna de hoje, citando o Nobel lusitano, ele cutuca um assunto que vem assanhando minhas caraminholas: "Segundo José Saramago, que tem um blog, o Twitter, com poucas palavras, é mais uma evidência de que o ser humano caminha para o grunhido".

O Twitter tem me acuado, numa mistura de fascínio e medo. A rápida rede que ele estimula e propicia parece mesmo vereda rumo ao futuro, mas condicionar idéias e expressões ao limite dos 140 toques é ameaça sombria. As cabeças se moldarão a tais dimensões, tipo um monturo de cocô de cabrito (expelido em bolinhas, informo aos mais assépticos)? Ou estaria eu tomado por mais um desses pânicos das transições? Quem viver, twittará...

sábado, 8 de agosto de 2009

Um cara legal!!!

Saindo em cautelosa defesa do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o ministro Celso Amorim, em entrevista recente, lembrou-se de frase do mestre Millôr: "O fato de eu ser paranoico não significa que não esteja sendo perseguido". Agarro-me à máxima do mestre, e vou viajando na maionese, como se, em outras e melhores palavras, ainda millorianas, eu me lembrasse que "livre pensar é só pensar". E lá fui eu...

O tema é a gripe suína, o paranóico sou eu. Tenho olhado e me postado no mundo com inaudita desconfiança. É notícia rolando pra todo lado, e eu tentando me esquivar do fato de entrar no grupo de risco por três portas diferentes: obeso, terceira idade e um sistema respiratório em crise de auto-estima. Sem exagerar, se é que consigo, faço-me em prontidão para o eventual enfrentamento. É uma luta diante da qual me sinto como um gladiador talvez se sentisse, sem causa nem intenção, sabendo que a derrota pode me levar a sair arrastado da arena, como um touro abatido na tarde espanhola. Já surdo aos olés que comemorariam minha queda.

Ano passado o Helano, primo querido, perdeu sua amada Suzana. Ela resistira longamente e com garra às maldades de um câncer implacável. Bonito, forte, saudável, ótimo caráter, afável, 3 filhos, uma neta, aos 54 anos, sempre louvando as lembranças do grande amor, o primo Helano foi reconstruindo sua vida.

Seu pai, Zé Saturnino, fazendeiro e médico que nunca oficiou, era meu tio, patriarca do lado materno de minha ascendência. Morreu em meados desse julho recente, aos 97 anos, após longa temporada acamado em sua linda fazenda Saco dos Cochos, no Cordisburgo de minhas férias da infância. Uma pneumonia derrotou suas derradeiras resistências. O primo Helano, junto com seus irmãos, cercado pelos muitos netos do tio, depositou suas cinzas nas beiras do Onça Velho, córrego que atravessa sua fazenda, em local pré-escolhido pelo "coronel", sob árvores que ele mandara plantar.

Ontem foi dia da missa de 7º dia do meu primo Helano. Ele foi morto, súbita e inesperadamente, por obra dessa gripe danada. Coisa mais injusta e assustadora. Foi como se a inimiga dissimulada, pressentindo-me em paranóia, expusesse suas armas. Ao que consta, após graves trapalhadas hospitalares, o primo encontrou um leito de CTI quando uma pneumonia já não se dispunha a lhe dar uma última chance. Não fosse a certeira saudade dos que tiveram a sorte de conviver com ele, o primo seria só mais um número nessa estatística meio macabra das vítimas da gripe suína, reflexo do despreparo e da agonia de nossos aparatos de saúde pública.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ainda a tal governabilidade (2)

Política é mesmo cachaça, vira e mexe dou lá meus palpites. É mais forte que eu. Hoje foi um email para o líder Mercadante (PT no Senado), e deu vontade de partilhá-lo:

Senador Mercadante, me dirijo ao senhor enquanto líder da bancada petista no Senado. Fui petista, modesto militante, durante 25 anos, e vendo a omissão da bancada, em especial ontem na reabertura dos trabalhos, fiquei me perguntando o que os senhores pretendem fazer com o legado da militância e da esperança política de boa parte de toda uma geração. A obsessão com uma pretensa governabilidade rompe com as possibilidades da, digamos, "pedagogia política" com a qual o PT pretendia desenhar e construir o futuro desse país injusto. Hoje, confesso, tenho vergonha do que ajudei a levar adiante, e temo, no futuro, padecer de algo como uma culpa histórica. Quem sabe, tempo sempre há, a cúpula petista acorde e veja a necessidade de reaproximação com a militância e as esperanças que criaram um singular passado de luta e importantes transformações históricas. Para isso, creia, é fundamental espalhar a neblina que têm cegado aqueles com obrigações de liderança e de direção nesse partido que é muito mais que os caprichos e medos dos que hoje o comandam. Saudações democráticas e republicanas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Em nome da governabilidade... e que assim (não) seja. Amém!!!


Agora, quando acabo de ver, na TV Senado, outro show de truculência do senador Collor, atacando o senador Pedro Simon, inclusive em tom ameaçador, resolvi postar um cartum que muito me incomodou. E fico pensando se o presidente Lula acredita mesmo que a história é cega, surda, muda, e, mais grave, idiota.