sexta-feira, 23 de julho de 2010

Favor dirigir-se ao lado...

Fuçando umas quase velharias, aqui nos porões do meu desktop, encontrei uma mensagem que enviei, em 14/03 (embora pareça tão antiga) para o blog "Sonhos de Luciana", aquela mui interessante personagem tetraplégica da novela global "Viver a Vida". Eu andava curtindo a dinâmica inovadora daquele blog ficcional dentro da trama. A conversa da hora era a dificuldade de profissionais de atendimento ao se dirigirem a portadores de diferenças diversas, no caso cadeirantes. Dei meu palpite:

Pois é, grande Lu, entendo bem sua perplexidade e estranheza. Sou cadeirante, paraplégico desde bebê, tenho 61 anos e aposentei-me como professor universitário. Vivo em Beagá. Minha mulher, a Katinha, tem 51 anos, e vive brigando com garçons, balconistas no comércio, atendentes em geral, para que se dirijam a mim, e não a ela, como ocorre em 80% das vezes quando querem saber o que desejo ou o que estou achando das coisas. E olha que cultivo uma longa barba branca, e sei fechar a cara quando necessário. Minha mulher costuma brincar: "ele tem cara de besta, mas pensa, fala e tem vontade própria". E, quando sobra humor, costumo fazer uma pequena preleção para esses profissionais, tentando fazer com que eles vejam o ridículo da situação preconceituosa, com que eles percam o temor de abordar o diferente e a diferença. Não somos invisíveis, e temos que deixar isso bem claro. O fundamental é não abrir mão do humor, e nem se deixar abater por essas bobagenzinhas da vida. Beijão, e parabéns pela talentosa representação da "categoria".

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lalau em Belô

Na década de 1960, Beagá foi honrada com a visita do Festival de Besteira que Assola o País (o Febeapá, de tão saudosa memória, por tão atual), crônica do inesquecível Stanislaw Ponte Preta, também dito Sérgio Porto.


Tire a Vaca do Elevador 

Em BELO HORIZONTE, ultimamente, têm acontecido coisas muito estranhas.  Ora é um movimento político, ora uma festa de caridade, ora um projeto-de-lei proposto pelos deputados mineiros. enfim, acontecem coisas estranhas. às quais a Pretapress dá o devido registro, na medida do possível.  Agora mesmo a leitora Vera Gomes envia recorte publicado no jornal "Estado de Minas", no qual o comandante da Limpeza Urbana, ou seja, o Diretor do Departamento de Limpeza, Sr.  Teófilo Ezequiel Adjuto Campos, faz saber , "Prefeitura de Belo Horizonte - AVISO AOS DONOS DE ANIMAIS EM BAIRROS E VILAS - Cientificamos aos senhores proprietários de cavalos, cabras, carneiros, bois e vacas, cuja criação é feita de maneira irregular, soltos pelas ruas, que sua retirada ou segregação deve ser feita no prazo máximo de dez (10) dias, sendo que a qualquer titulo é proibida a manutenção desses espécimes de animais em edifícios de apartamentos".  E segue-se a assinatura do zeloso diretor acima referido.  Isto, caros leitores uagaenses. prova que Belo Horizonte vai entrar nos eixos, em questão de animais.  Não pode mais ter boi, cavalo e vaca na rua e - o que é mais importante - a ressalva é clara ; sendo que a qualquer titulo é proibida a manutenção desses espécimes de animais em edifícios de apartamentos portanto, leitores belo-horizontinos, se algum de vocês mantém algum cavalo (ou mesmo égua) na área de serviço do seu prédio, se você tem algum boi sendo criado - digamos - no seu banheiro, ou alguma vaca no elevador, trate de se desfazer desses bichos. ainda que sejam de estimação.  A lei é para todos.  

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um homem e a sua vida

Yehuda Amichai (1924-2000)
Tradução de Shlomit Keren Stein e Nuno Guerreiro


Um homem não tem tempo na sua vida 
para ter tempo para tudo. 
Não tem momentos que cheguem para ter 
momentos para todos os propósitos. Eclesiastes 
está enganado acerca disto. 

Um homem precisa de amar e odiar no mesmo instante, 
de rir e chorar com os mesmos olhos, 
com as mesmas mãos atirar e juntar pedras, 
de fazer amor durante a guerra e guerra durante o amor. 
E de odiar e perdoar e lembrar e esquecer, 
de planear e confundir, de comer e digerir 
que história 
leva anos e anos a fazer. 

Um homem não tem tempo. 
Quando perde procura, quando encontra 
esquece, quando esquece ama, quando ama 
começa a esquecer. 

E a sua alma é erudita, a sua alma 
é profissional. 
Só o seu corpo permanece sempre 
um amador. Tenta e falha, 
fica confuso, não aprende nada, 
embriagado e cego nos seus prazeres 
e nas suas mágoas. 

Morrerá como um figo morre no Outono, 
Enrugado e cheio de si e doce, 
as folhas secando no chão, 
os ramos nus apontando para o lugar 
onde há tempo para tudo. 

quinta-feira, 8 de julho de 2010

E poupai nossos tímpanos... amém!


Acurada pesquisa histórica acaba de demonstrar que a praga das vuvuzelas é muito mais antiga do que até agora se imaginava. No flagrante vê-se o tormento de um velho senhor frente a um ataque do malfadado cornetão.